MEU PRIMEIRO SONHO (1)

Como se pode imaginar, embora morando num bairro bastante urbano, pude usufruir de experiências muito próximas à natureza e talvez tenha sido essa influência que me fez sonhar com a idéia de que “quando crescesse” iria morar no interior, em uma cidade pequena, conforme expressei numa redação que escrevi nos idos de 1966, aos 8 anos de idade.

Minha família achava que era coisa de criança, quando dizia que ia morar num sítio porque eles estavam certos de que eu seguiria a carreira médica do meu pai e um dia assumiria o Laboratório dele que foi fundado em 1947 e funciona até hoje no mesmo lugar – Centro Comercial de Copacabana.

MEU PRIMEIRO CONFLITO

Não me via como um patologista ou clínico, nem me dava conta de que enfrentaria uma “crise existencial” por não ter meus planos alinhados com os sonhos da minha família. Sentia-me fortemente impulsionado pelos meus ideais que amadureciam ano a ano, enquanto uma tensão intensificava-se a cada dia pela falta da sintonia entre o que sonhava e minha família desejava para mim.

MEU SEGUNDO CONFLITO

Meus pais me davam toda liberdade do mundo, desde que fizesse o que eles queriam. Não tinha o direito de escolher meu colégio, nem a profissão que eu gostaria de seguir porque “eles sabiam o que era o melhor para mim”. Escolheram o Colégio Andrews – um dos melhores do Rio para eu cursar meu ensino médio. Lá eu convivia com alunos que vinham de um alto padrão social. Não me identificava com eles porque embora também pertencesse a uma família de classe média alta, éramos (eu e meus outros dois irmãos) criados de forma muito simples, totalmente diferente daquelas vividas pelos meus coleguinhas de turma, salvo algumas exceções.

SONHO DE VIVER MEU SONHO (2)

As pressões aumentavam dentro de mim e eu não me sentia ouvido, correspondido quanto aos meus anseios e já estava prestes a repetir minha primeira série do nível médio pela segunda vez. Aos 16 anos de idade meus sonhos estavam soterrados enquanto vivia uma vida que não era minha. Num ato de desespero, escrevi uma pequena carta de despedida para meus pais e sumi no mundo.

Não tinha noção naquela ocasião que estava assumindo conseqüências gravíssimas para todo meu futuro. Poderia ter revertido a situação, mas me mantive firme em meus propósitos e paguei um preço caríssimo por me manter fiel aos meus ideais, como você verá adiante.

SONHO DO PRIMEIRO EMPREGO (3)

Da cartinha que havia escrito a parte que mais indignou meus pais foi quando disse que “não queria ser um iô-iô nas mãos deles”. Havia “fugido” inicialmente para o nosso sítio, arrumei um emprego numa granja de coelhos e no dia seguinte começaria minha nova vida como tratador de uma coelheira.

“Infelizmente” o Seu Zé Maurício (nosso caseiro) me “denunciou”. Ligou para minha mãe, disse que eu estava lá e antes que fosse para a “nova vida” meus pais chegaram e pediram que eu voltasse para casa. Chorei muito, mas impus uma condição: “Volto se eu tiver o direito de escolher meu novo colégio”. Naquela época eu não entendia que estava também querendo resgatar dos escombros de tantas dores, os meus sonhos soterrados.

SONHO DE ESCOLHER MEU COLÉGIO (4)

Voltamos e eles aceitaram minha condição porque acreditavam que aos 16 anos eu não teria capacidade de achar um colégio, mas encontrei no primeiro dia o Instituto Copacabana – do Grupo Planck Einstein e aquele ano quase perdido foi por mim recuperado tendo passado em segundo lugar na minha turma. Minha capacidade de recuperação foi desmerecida pelos meus pais por entenderem que aquela escola era “um colégio de empregadinhas”, embora isso não fosse verdade.

SONHO DO PRIMEIRO EMPREGO NO RIO DE JANEIRO (5)

Terminei o ensino médio aos 18 anos e como todo garoto dessa idade, queria ter um carro e pensava poder contar com a ajuda da família, da mesma forma que meus primos e amigos. Felizmente meu pai pensava diferente e para realizar aquele sonho de juventude tive que começar a trabalhar como vendedor de seguros de saúde e depois como bancário.

SONHO DO PRIMEIRO CARRO (6)

Passados alguns meses comprei finalmente meu Fusca 67, bateria de 6 volts, um carrinho bem antigo, mas me sentia realizado! Os meses se passavam e passei a notar que meus colegas bancários eram bem mais velhos que eu e comecei a pensar que tinha oportunidade para viver um futuro mais promissor devido às condições de estudo que a vida me dava.

SONHO DE PASSAR NO VESTIBULAR (7)

Saí então do banco e voltei a estudar no Colégio Andrews tentando ser o “bom filho que ao colégio torna”. Já tinha o diploma de “segundo grau” (ensino médio da época) e só precisava me preparar para passar num vestibular. Mal sabíamos meus pais e eu, que uma nova crise se instauraria. Passei para a faculdade de psicologia, mas eles não haviam desistido da idéia de que eu deveria ser médico.

SONHO DE ME TORNAR PSICÓLOGO (8)

A Universidade Gama Filho era particular e alguém teria que pagar as mensalidades. Tive que conversar e convencer meu pai para fazê-lo e ele insistia para que eu estudasse medicina e me especializasse em psiquiatria. Não arredei pé e me mantive firme nos propósitos de ser psicanalista com formação em psicologia. Essa minha decisão me custou 10 anos sem falar com meu pai e deixar de receber dele qualquer outro tipo de recurso ou ajuda que não fossem as mensalidades da faculdade, livros e uma terapia que comecei a fazer naquela ocasião.

SONHO DE GANHAR DINHEIRO ENQUANTO ESTUDAVA (9)

Sem dinheiro, comecei a fazer “bicos” em tudo que se pode imaginar, principalmente como figurante de novelas e trabalhando como operador de luzes em boates e tudo mais que envolvesse bailes ou domingueiras na equipe de som do meu cunhado. Já na faculdade, comecei a estagiar numa clínica psiquiátrica no Jardim Botânico e lá também ganhava uma boa renda como “auxiliar psiquiátrico” levando pacientes de famílias riquíssimas para consultas, visitas em casa, etc. No final das contas, ganhava mais com esses “bicos”, do que como “caixa executivo do Banco Real” – hoje Santander.

SONHO DE SAIR DE CASA (10)

Antes de terminar minha faculdade e de me casar, como seria de praxe, resolvi sair de casa e alugar um apartamento. Todos falavam: espera mais um pouco… por que você não termina primeiro sua faculdade??? Casa primeiro…

O apartamento que eu morava era enorme: 8 quartos, 6 banheiros, 2 cozinhas. Além do meu quarto, tinha um outro só para botar meus equipamentos de som, e mesmo com todo aquele espaço, me sentia sufocado naquele enorme universo.

SONHO DE ENCONTRAR UM FIADOR E O APARTAMENTO

Queria morar em algo que tivesse minha cara e achei um apartamento super legal. Disse na imobiliária que ofereceria meu pai como fiador, mas ele se recusou e perdi aquela oportunidade. Procurei outros, tendo agora meu cunhado como avalista. Encontrei um quarto e sala (de fundos) e lá fui eu morar naquele cubículo.

“AINDA QUE VIVA RECLUSO NUMA CASCA DE NOZ

POSSO ME SENTIR REI DO ESPAÇO INFINITO”

(Shakespeare – Hamlet)

No início me senti um pouco inseguro por não ter certeza de que conseguiria ter todos os meses o dinheiro para honrar os aluguéis, condomínios, luz, gás, IPTU, etc, mas aos poucos fui me acostumando e posso dizer que nunca atrasei uma conta, honrei todos os compromissos, e assim tem sido minha vida até hoje.

SONHO DO MEU PRIMEIRO CONSULTÓRIO (11)

Já formado precisei de um consultório. Meu pai tinha um Laboratório bem grande com várias salas, mas jamais ofereceu uma delas para iniciar minha carreira. Estava implícita a idéia de que se eu não queria seguir as orientações dele, então que me virasse do jeito que desse. De início consegui sublocar uma boa sala perto da Praia de Botafogo – Clínica Pavlov.

O SONHO DO MEU PRIMEIRO CONSULTÓRIO PARTICULAR (12)

Meu consultório particular melhorava então resolvi partir para minha própria sala comercial. Achei que desta vez teria meu pai como fiador, afinal já estava formado e tocava minha vida direitinho. Arrumei uma salinha em Copacabana, pedi a ele para ser fiador e… NÃO de novo. Mais uma vez meu cunhado me salvou e aluguei meu primeiro consultório particular.

SONHO DE MORAR À BEIRA MAR (13)

Tudo melhorando, já casado e contando com o salário da minha esposa – Marcia para reforçar nossa renda familiar, conseguimos alugar um ótimo apartamento em Copa, mas dessa vez nem arrisquei com o “meu velho” e novamente meu cunhado foi o fiador e conseguimos alugar um apartamento à uma quadra da praia na Rua Domingos Ferreira, Posto 4 em Copacabana.

Vale acrescentar aqui que mais tarde meu irmão mais novo que havia iniciado uma faculdade de comunicação na PUC, atendeu aos apelos da família, largou a faculdade e voltou a fazer cursinho de vestibular. Passou para o curso de medicina e contou com todas as regalias que eu poderia ter tido.

Acrescento também que poderia estar rico, como é o caso do meu irmão, mas nenhuma riqueza vale o preço dos meus sonhos como você verá mais adiante.

Num último parêntese, quero deixar claro que em minha formação profissional, nada ou ninguém foi tão importante para mim como o “velho turrão”. Jamais questionei o amor dele por mim ou tive meu amor, respeito, admiração e gratidão a ele, abalados pela forma dele pensar e agir. Tenho total consciência de que tudo que ele fez foi o melhor que ele poderia fazer para minha formação pessoal e profissional e ainda deram aos meus sonhos um gostinho mais saboroso.

SONHO DA PSICOLOGIA DESPORTIVA (14)

Foi também nessa época, enquanto cursava o final da minha faculdade, que o Paulo Vettiner, psicólogo que trabalhava comigo na clínica psiquiátrica do Jardim Botânico, me convidou para trabalhar com ele no Flamengo. Ele insistia e eu negava, pois de início teria que trabalhar de graça, mas acabei cedendo, fui para o Flamengo e em pouco tempo estava assinando minha carteira de trabalho como psicólogo desportivo.

A experiência profissional que adquiri no clube foi incomensurável. Aprendi muito e acabei parando na Seleção Brasileira de Ginástica Artística, uma vez que o Flamengo detinha quase cem por cento dos atletas no masculino e no feminino. Aos poucos fui sendo solicitado pelos outros esportes amadores e acabei ingressando na natação, no vôlei e por meio dos meus estagiários entrei também para o tênis do clube.

SONHO DE FUNDAR CLÍNICA DE PSICOLOGIA DESPORTIVA (15)

Em função do crescimento de minhas ações no meu novo mundo da Psicologia Desportiva, me senti na necessidade de montar o CAPPA – Centro de Atendimento e Preparação Psicológica do Atleta, onde além de fazer treinamento mental, dava também cursos sobre a psicologia desportiva e supervisão para psicólogos que queriam conhecer esse novo mercado de trabalho.

SONHO DE ESCREVER PARA UM GRANDE JORNAL (16)

Depois de ter articulado alguns artigos no “Nação Rubro Negra”, e também numa revista de esportes, achei que seria capaz de escrever para um jornal de grande circulação: o Jornal dos Sports, sendo um dos diretores o vice-presidente do Flamengo, o Sr. Luis Augusto Velloso. Tinha vontade de pedir a ele, mas sentia medo e vergonha de receber um NÃO. Numa tarde de sol, decidi que às 16 horas iria procurá-lo em seu gabinete no Flamengo. Os minutos voavam em meu relógio e junto deles os meus pulsos cardíacos. Quando o mostrador marcou 16 horas em ponto, levantei da minha cadeira e fui com as pernas tremendo em direção ao gabinete da vice-presidência. Cheguei numa enorme sala de espera lotada de gente. Falei com a secretária na recepção sobre meu assunto, ela fez uma ligação, e para meu espanto, disse-me para que eu esperasse que ele iria me atender.

Marcamos uma terça-feira à tarde na redação do jornal, fui apresentado ao Macedo e no domingo seguinte lá estava meu artigo estampando uma das páginas daquele jornal articulando idéias sobre a Psicologia Desportiva.

SONHO DE REALIZAR UM CONGRESSO CIENTÍFICO (17)

Através desse ingresso na mídia desportiva, obtive voz para divulgar cursos na minha clínica e realizar um congresso no Colégio Brasileiro de Cirurgiões – CBC, em Botafogo. Consegui o impossível. Gastei uma grana para alugar o auditório C onde teria que colocar 120 pessoas. Como palestrantes havia convidado a Georgette Vidor – técnica do Flamengo e da seleção brasileira de ginástica, convidei a Luisa Parente, principal ginasta da época, convidei o Dautely Guimarães, técnico do Flamengo e da seleção brasileira de natação, convidei também a Patrícia Amorim – principal nadadora do Brasil, chamei também a psicóloga desportiva do Vasco da Gama, outra psicóloga do Pinheiro (SP), uma outra do Minas Tênis Clube e paguei alimentação e transporte para os convidados de fora.

Não sabia se conseguiria trazer público para assistir tanta gente importante. Para abrir o congresso convidei o professor Olavo Feijó que tinha pós-doutorado em psicologia desportiva em Maryland (EUA). Trabalhei muito na produção e divulgação do evento e no dia 13 de maio de 1993 consegui encher o auditório. A organização do CBC ainda colocou mais 20 cadeiras e os que apareceram depois tiveram que voltar para casa porque se fosse recebido um público maior do que 140 pessoas eles perderiam o seguro do Corpo de Bombeiros.

O SONHO QUE JAZIA LATENTE (18)

Após o sucesso daquele evento científico o telefone do CAPPA – minha clínica não parava de tocar. Eu podia não ser o psicólogo mais qualificado em títulos acadêmicos, mas era o mais conhecido na época. Além do sucesso do Congresso tinha minha coluna semanal no JS. Minha carreira decolava, mas aquilo que havia escrito em 1966 pulsava ainda forte dentro de mim.

SONHO DE DAR AULA EM FACULDADE (19)

No esforço de adquirir condições para viver na pacata Paty do Alferes, consegui uma vaga de professor de psicologia na Universidade de Vassouras (30Km de distância). Dava aulas uma vez por semana, mas os recursos que obtinha não eram suficientes para me gerar uma vida satisfatória no interior até que o imponderável aconteceu.

SONHO DE PASSAR NO CONCURSO PÚBLICO DE MIGUEL PEREIRA (20)

Havia feito um concurso para psicólogo da cidade de Miguel Pereira em 1991 e este estava prestes a “caducar”, mas a prefeitura acabou me convocando a comparecer no município para tomar posse da vaga que estava sendo aberta em setembro de 1993, ocasião em que me encontrava no ápice de minha carreira no Rio de Janeiro.

Não daria para conciliar o trabalho da prefeitura com minhas atividades no Rio. Era necessário decidir entre ir ou ficar…

SONHO DE CRIANÇA (21)

Ninguém acreditou que eu faria uma loucura daquelas! Mas fiz.

Um sonho pulsava dentro de mim e uma força maior do que a razão me atraía. Era o “canto da sereia” e deixei o conforto do meu apartamento na quadra da praia de Copacabana, deixei minha esposa morando ainda no Rio, fechei minha clínica e em dois meses (tempo que a prefeitura me concedeu por lei) comecei a trabalhar num outro mundo, totalmente diferente de tudo que havia feito até então.

Tornei-me funcionário público e fui morar precariamente numa casa que estava construindo num terreno que havia comprado de uma tia no sítio de nossa família. Em resumo: em setembro de 93 fui convocado, em novembro tomei posse e em 31 de dezembro fechei minha clínica e fiz a mudança para Paty do Alferes transformando todo meu sucesso até então em pó. Nunca havia dado uma virada de chave tão radical na minha vida!

SONHO DE UMA VIDA ESPIRITUALIZADA (22)

Toda minha formação no Rio foi muito influenciada pelos caminhos da ciência. Assim sendo, posso dizer que sou cético por formação e foi por um “mero acaso” que a sogra do meu cunhado me deu pra ler o livro de um psiquiatra judeu que trabalhava com hipnose – o Dr. Bryan Weiss.

Esse médico tratava fobias, traumas e outras psicopatologias de seus pacientes através de regressões hipnóticas induzindo os mesmos a voltarem até o momento em que teria sido gerado o conflito ou transtorno. Assim os dramas eram revividos, ressignificados e o paciente era curado.

A grande surpresa do Dr. Bryan foi quando uma paciente ultrapassou as barreiras da vida intra-uterina e chegou numa existência passada – ocasião em que tinha sido gerado o conflito causador da doença mental da qual a paciente se queixava. Dali em diante o médico passou a se dedicar à TVP – Terapia de Vidas Passadas e tanto quanto ele houvera ficado pasmo com sua descoberta, fiquei eu também estupefato com aquele novo aprendizado.

Passei a procurar bibliografia similar e por mais um “acaso”, foi minha primeira paciente aqui em Paty do Alferes que me brindou com um outro livro, esse espírita, porém baseado em literatura científica, uma vez que o autor era dentista, salvo engano.

Terminado o livro fui em busca de outros e acabei por descobrir que na região onde morava existiam uma série de Casas Espíritas Cristãs, repletas de livros e bibliografia científica e de tanto estudar acabei por me tornar um membro assíduo do Espiritismo Cristão, vulgarmente chamado de Kardecista.

SONHO EM NOSSA CASA ESPÍRITA (23)

Cada vez mais mergulhado em estudos, trabalhos, palestras e pesquisas acabei fundando a Fraternidade Espírita Irmão José – FEIJ, onde liderava um grupo de confrades que abraçaram a causa da fundação dessa nova Casa Cristã Espírita.

Foram cerca de 9 anos de trabalhos, orações, palestras, eventos, passes e pesquisas que nos ajudaram a ajudar a todos que vinham em busca de esclarecimentos e alívio para suas dores físicas e espirituais.

Muitos dos membros fundadores seguiram seus novos rumos, voltando a morar no Rio, São Paulo, ou identificando-se com outros projetos espiritualistas, mais o advento do Corona Vírus, nos levaram a interromper os trabalhos no início de 2020.

SONHO DE UMA CASA À BEIRA MAR (24)

Foi também após minha vinda para o interior que senti necessidade de respirar novamente a maresia com a qual estava tão acostumado. Não queria que fosse no Rio, mas numa praia mais próxima e tranqüila aqui da roça. Viajei muito pela rodovia Rio-Santos em busca desse lugar onde pudesse passar fins-de-semana.

Após muito procurar achei um terreno maravilhoso na praia da Sapinhoera – Ilha de Itacuruçá. Utilizei minha experiência em obras e hoje tenho uma boa casa na beira da praia.

O SONHO DE SER MARINHEIRO (25)

Por ter me tornado um ilhéu ou caiçara, fazia-se necessário aprender a navegar. Fiz uma prova para Arrais Amador e tornei-me habilitado para comprar um barco. Achei um, e depois de passar algumas vergonhas, acabei por aprender a navegar e hoje o faço até com certa maestria, tendo já encarado mares grossos e me saído muito bem.

Tenho uma embarcação pequena e como somos obrigados a nomear nosso barco, escolhi batizá-lo de EM FRENTE SEMPRE – título de um livro que escrevi na Alemanha.

Seguindo (com o) Em Frente Sempre navego pelos 4 cantos da Costa Verde – litoral sul do Rio de Janeiro passeando pelas praias maravilhosas de Angra dos Reis, Paraty, Ilha Grande e tantas outras.

SONHO DA PRIMEIRA CASA PRÓPRIA (26)

Desde garoto novo sonhava em ter uma casinha no sítio da minha família. Já me tornando um jovem adulto, pedi ao meu pai um pedacinho dos 30.000m2 do sítio dele para levantar uma quitinete e a resposta você já sabe né… um sonoro NÃO!

Comprei então um terreno da irmã dele, minha tia Lourdes. Era uma área de aproximados 8.000 m2 com um casebre em ruínas que era utilizado pelo caseiro para “madurar bananas”. Não via ali uma casa caindo aos pedaços, mas um castelo onde ergueria um dia uma clínica ou algum estabelecimento comercial, uma vez que a casa ficava as margens de uma rodovia que liga os dois municípios mais próximos: Paty do Alferes e Miguel Pereira.

Esse casebre tornou-se minha primeira casa embora com uma estrutura bem tosca que foi se aprimorando ao longo dos meses, até se tornar hoje uma casa que me rende um bom aluguel mensal

O SONHO DO PRIMEIRO CONSULTÓRIO NA ROÇA (27)

Depois de ter reformado essa casa, onde morei cerca de 20 anos, construí logo em seguida um chalé pré fabricado que tornou-se um consultório improvisado, uma vez que meu consultório oficial era em Miguel Pereira numa clínica tradicional no Centro da cidade. Esse chalé de madeira foi comprado num stand de uma festa em Itaipava, ocasião em que fui lá assistir o show do America (grupo de rock americano, muito bom por sinal).

SONHO DE UM PRÉDIO DE 3 ANDARES (28)

Após a construção desse meu consultório sobre uma laje, transformando-o numa casa de dois andares – alvenaria embaixo e madeira em cima, senti-me confiante para construir um prédio que em princípio teria 2 andares, mas por ser um sonhador contumaz, acabei fazendo com 3, onde o primeiro andar seria um apartamento de hóspedes, o segundo nosso apartamento e o terceiro andar seria um escritório. O corpo central do imóvel tinha 450 m2, sem contar as áreas anexas que seriam construídas posteriormente.

Já na fase de finalização dessa construção, percebi que meu projeto estava em desalinhamento com os fatos que ocorriam na vizinhança familiar, então resolvi vender esse empreendimento que acabou sendo comprado pelo meu irmão.

SONHO NUM PRÉDIO NO CENTRO DE MIGUEL PEREIRA (29)

Vendendo o prédio dentro do meu sítio usei o dinheiro para comprar a metade de um prédio na rua dos Correios, no centro de Miguel Pereira. Depois de um tempo, comprei a outra metade do prédio e em seguida realizei um outro projeto:

SONHO NO TERCEIRO ANDAR DO CENTRO DE MIGUEL PEREIRA (30)

Já com razoável experiência em construção, parti para um projeto mais ousado, para o qual utilizei a experiência técnica e profissional de uma arquiteta que assinasse embaixo daquilo que julgava possível. Consultas feitas, projeto aprovado na prefeitura, parti para a ação e comecei a edificar um terceiro andar no prédio de dois andares que já possuía no centro da cidade. Foi uma obra bem ousada e esse sonho que morou algum tempo em minha mente, hoje abriga a mim e a Marcia, minha esposa, dentro dele, uma vez que é minha residência atual.

SONHO NA CASA DO CASEIRO (31)

Ainda no sítio de minha família, uma outra tia resolveu vender a parte dela. Ao lado de minha residência havia uma outra casa bem simples e acabei fazendo uma oferta por ela e passei a ter uma casa para um caseiro. Aos poucos fui fazendo reformas e ampliações nesse modesto imóvel e hoje ele me rende mais uma pequena receita mensal de aluguel.

SONHOS IMOBILIÁRIOS A SEREM REALIZADOS (32)

Não sabendo fazer operações financeiras vantajosas em bancos ou instituições financeiras, investi sempre em empreendimentos imobiliários. Durante esses anos, enquanto construía imóveis, surgiram situações que me convidaram a investir ainda um pouco mais nessa área. Uma delas foi quando um vizinho desmatou seu terreno e o colocou à venda. Não tinha nenhum interesse naquela área, mas também não queria que outros a comprassem. Acabei adquirindo a propriedade para garantir minha privacidade.

Mais tarde troquei esse lote por dois numa área nobre de Miguel Pereira e vejo nessas propriedades um investimento muito mais rentável e seguro do que qualquer outra aplicação financeira, podendo ainda construir nela e agregar ainda mais valor ao imóvel.

O SONHO DE CONVERSAR EM OUTROS IDIOMAS (33)

Já havia viajado o Brasil, de norte a sul com motos de baixa cilindrada, tipo: “sem destino”. Também já tinha conhecido um pouco do Uruguai, da Bolívia e dos Estados Unidos em duas viagens feitas a este último país. Estava agora nascendo em mim o sonho de dar vôos mais altos. Já tinha participado de várias reuniões em hotéis do Rio que convidavam brasileiros a morarem Quebec – província francofônica do Canadá.

SONHO NA FRANÇA – 104 DIAS DE VIAGEM (34)

Já arranhava um francês meio mequetrefe e achei que poderia aperfeiçoá-lo na França. Quando já estava fazendo uma conversação razoável com minha professora, julguei que poderia continuar o curso em Paris. Para resumir a história, a quitinete que estava reservada pra mim, furou e fiquei sem moradia há duas semanas da minha primeira grande viagem de 104 dias: 3 meses e meio. Reservei então um hostel por uma semana (tempo máximo que eles permitiam) e decidi que lá eu encontraria um apartamento para morar. Fiquei 15 dias em Paris e já no “último minuto do segundo tempo” consegui um curso e apartamento em Lyon – uma cidade encantadora e menos cosmopolita como é mais o meu estilo.

SONHO NA ÁFRICA (35)

Depois de Lyon, fui morar em Marselha porque meu curso ia entrar de férias. Lá eu aluguei um quarto na casa de uma professora enquanto estudava na Aliança Francesa. Às tarde eu ia para praia dos Catalães e à noite ia até o porto de Marselha e via aqueles enormes transatlânticos partindo para África dentre outros destinos.

Sou marinheiro e queria experimentar a emoção de fazer a travessia do Mediterrâneo, mas um amigo que morava em Genebra me convenceu a pegar um avião para Marrocos e assim eu fiz.

Foi uma experiência fascinante e com o Dirrã (moeda marroquina) valendo 10 vezes menos que o euro, vivi uma vida de rei. O detalhe, é que pelo fato daquele país ter sido um “protetorado” francês, lá eles falam também esse idioma. Foi incrível e ainda pude fazer pequenas viagens de moto e passeei de camelo no deserto.

Dentre muitas cidades e museus que visitei nessa viagem, destacaria o Palácio de Versalhes em Paris, além de Genebra na Suíça e também a incrível praia de Biarritz no litoral atlântico da França.

SONHO EM LONDRES – 90 DIAS DE VIAGEM (36)

Meu projeto inicial na viagem que havia feito para a França era de separar uma semana para visitar aInglaterra e por isso havia levado mil libras para aquela viagem, mas ao chegar em Marselha os ventos sopraram para a África e deixei então o projeto de Londres para um outro momento.

Ainda no Brasil, aperfeiçoei meus estudos em Miguel Pereira com um professor londrino. Ele me indicou dois endereços de amigos que moravam na Inglaterra: o David que morava numa cidade do interior – Cholsey e a Telma que morava em Londres. Já com alguma desenvoltura em conversação, parti para Cholsey e aprendi muito com o David e a esposa que me receberam maravilhosamente bem.

David é professor da Universidade de Oxford, e me levou para conhecer seu trabalho, além de um Pub no interior do interior, no meio de fazendas inglesas. Foi incrível!!! Um turista sozinho jamais conheceria lugares fantásticos como eu conheci.

SONHO NA ESCÓCIA (37)

Em Londres, na casa da Telma, que é atriz, conheci gente fantástica das artes cênicas. Ingleses e brasileiros. Tive também oportunidade de conhecer centros espíritas cristãos que existem naquele país. Dei uma palestra em português num deles, em Londres e outra em inglês em Edimburgo, ocasião em que viajei para a Escócia.

De Edimburgo viajei para Glasgow e lá participei da fundação de uma outra casa espírita no Reino Unido

SONHO EM PORTUGAL (38)

Participando intensamente de grupos espíritas em Londres, soube que haveria um Congresso Nacional de Espiritismo em Portugal, na cidade do Porto. Fui pra lá e tive oportunidade de conviver por uma semana com espíritas célebres brasileiro, como Divaldo Franco, Raul Teixeira e tantos outros brasileiros e portugueses que participaram desse grande evento.

SONHO NA ALEMANHA – 75 DIAS (39)

Na altura dos acontecimentos, já estava apaixonado pela Europa e as idéias de morar no Canadá foram se dissipando enquanto surgia por trás da poeira dos meus pensamentos o sonho de viajar pela Alemanha. Comecei a estudar o idioma e faria o aperfeiçoamento em Berlin, enquanto alugava o apartamento da Annie – colega com quem estudei francês em Lyon. Estava tudo meio certo, mas na véspera da viagem o apartamento furou então resolvi viajar pelo país de bicicleta.

SONHO DE UMA VIAGEM DE BICICLETA DOBRÁVEL (40)

Fui pra Frankfurt, comprei uma bicicletinha dobrável, uma barraca e saí pedalando pelo país sem saber para onde ia, descobrindo cada parada que ia ficar enquanto pedalava o caminho. Tinha um destino meio vago que seria Berlim, mas a verdade é que a viagem foi se “auto traçando” ao longo do percurso. Enquanto viajava, ia desenvolvendo minha intuição e o idioma alemão, conhecendo pessoas, o país, resolvendo situações intensas que surgiam, e acima de tudo vivendo meu sonho como se fosse um filme maravilhoso de aventura.

SONHO NA DINAMARCA (41)

Subindo de Frankfurt em direção ao norte da Alemanha, acabei chegando na Dinamarca. Foi uma emoção indescritível ver o mar depois de tanto tempo tomando banho de rio. Cruzei a fronteira sem falar uma palavra de dinamarquês e sem nenhum krone ou coroa dinamarquesa que é a moeda deles. Atravessei umas ilhas no sul do país, conheci pessoas maravilhosas e chegando em Gedser voltei para a Alemanha na cidade portuária de Rostock.

Quando saí do Brasil para a Alemanha, nunca podia imaginar que conheceria um país atravessando a fronteira numa mini bicicleta. Ao tentar realizar um sonho, acabei realizando vários, como você verá a seguir.

SONHANDO EM ESCREVER UM LIVRO (42)

Já tinha viajado por vários países e feito algumas viagens grandes, mas nunca havia escrito antes um “diário de bordo”. Desde o primeiro dia que cheguei em Frankfurt comecei a escrever casualmente um resumo de como havia sido o meu dia. Assim fui fazendo dia após dia e depois de umas 3 semanas, comecei a me dar conta de que aquele poderia ser um roteiro de um livro. Da terceira semana em diante passei a dar uma conotação literária mais forte nas minhas palavras, até que assumi que tinha em mãos um rascunho de uma obra literária.

De volta ao Brasil, juntei todo material escrito, mais as notas fiscais dos campings, hostels, pensões, mais as fotografias e com todo esse material publiquei o livro “Em Frente Sempre”.

SONHANDO UMA NOVELA NO FACEBOOK (43)

Livro pronto, faltava publicar, mas o problema era que o Ministério da Cultura, a Biblioteca Nacional e o Escritório de Direitos Autorais estavam todos em greve e nenhuma editora aceitava meu “original” sem que tivesse um protocolo desses órgãos.

As coisas estavam demorando e como meu objetivo era compartilhar a experiência magnífica que havia vivido, resolvi abrir a página “Em Frente Sempre” no Facebook e publicar nela um capítulo por dia.

Fiquei impressionado como fui recebendo seguidores para a página que vibravam ao acompanhar cada capítulo do livro publicado dia após dia.

Terminada a publicação depois de pouco mais de dois meses, e já tendo o protocolo dos direitos autorais, comecei a fazer vídeos comentando minha façanha, dando sempre uma conotação psicológica sobre aquela incrível experiência.

SONHO DE SER UM PRODUTOR DE INFO PRODUTO (44)

Ao produzir meus vídeos as plataformas do Facebook e do You Tube passaram a me ver como produtor de conteúdo digital. O algorítimo dessas plataformas me enviaram cursos de vários players desse mercado e passei a comprar alguns deles.

Tinha alguma habilidade com mídia e vídeos, mas minha intimidade com a parte tecnológica era ZERO. Continuei estudando o marketing digital até que conheci o Luiz Passari e Victor Damásio. Tudo que era complicado tornou-se simples e até o momento já tenho minhas duas primeiras mentorias fechadas e mais algumas engatilhadas.

Hoje sou também um info produtor e o que era um sonho tornou-se realidade.

SONHO DE CONTINUAR SONHANDO (45)

Tenho 62 anos de idade e você pensa que estou pensando em me aposentar de sonhar? Claro que não! Eu morreria vivo. Tanto quanto a minha e a sua mente não param de produzir pensamentos, elas também não páram de produzir sonhos. O dia que você conseguir parar de produzir pensamentos, concordo que deva também parar de realizar seus sonhos.

Encerro essa história com a letra de uma música dos irmãos Mario e Zé Moacir Martilotta:

CORRE ATRÁS

Se você acreditar em alguma coisa

Pense que você consegue até bem mais

É só você não olhar pra trás

Ponha o coração na frente

E corre atrás…

Em Frente Sempre !!!

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